"Tata Nano: mudando paradigmas
Uma análise do carro mais barato do mundo, que vai revolucionar o modo como os automóveis são concebidos, por Robert Cumberford – The New York Times Syndicate.

Aqui está o carro de US$ 2.500 que Ratan Tata propôs alguns anos atrás, talvez o automóvel novo mais significativo desde que o Ford Modelo T foi lançado, 100 anos atrás. Como no caso do Ford, o projeto e a engenharia são menos importantes do que a filosofia por trás da concepção do modelo. Embora o formato inteligente da carroceria tenha sido criado por Justin Norek, em Turim (Itália), o Nano foi projetado e executado na Índia por uma equipe altamente motivada — ainda que pouco equipada — para realizar uma façanha que nenhum fabricante de longa data conseguiu.
(...)
Pessoalmente, o carrinho ovo é encantador. Sua austera cabine é espaçosa e agradável, enquanto os pneus 165/55 R13 parecem mais estepes provisórios, daqueles finos. A visibilidade é excelente, e a posição elevada do assento é boa para se integrar ao tráfego contemporâneo. O Nano realmente parece substancial apesar de seu tamanho, e passa impressão de segurança e solidez.
(...)
Os norte-americanos aceitariam o Nano? Eu duvido, mas os fabricantes tradicionais terão que trabalhar seriamente para planejar carros igualmente baratos, adaptados apropriadamente às nossas condições de condução no mundo real. Ou seja, uma velocidade máxima de pelo menos 135 km/h e aceleração de 0 a 100 km/h na casa dos 18 segundos. A idéia encontrará resistência, mas as montadoras devem começar a trabalhar nela agora."
[FONTE]
A primeira coisa que pensei quando vi este carrinho foi que era uma esperança pro caos que se tornou o trânsito nas grandes cidades, inclusive aqui no país. Motor econômico, menos espaço ocupado em estacionamentos, coisa e tal. Mas este pensamento não durou mais que cinco minutos, quando comecei a considerar as outras implicações dele.
O carro há décadas se tornou o símbolo de prosperidade de uma pessoa. Quando o jovem chega a maioridade, quer um carro. Alguém que arruma um emprego e consegue juntar uma grana, quer logo comprar um carro. É este um dos motivos para a frota crescer de maneira incontrolável. A produção industrial em alta, e as facilidades de pagamento só incentivam mais esta tradição. Aí que bateu o susto.
Imaginem aí: um carrinho que custa menos de 5 mil reais (é claro que os impostos devem elevar um pouco mais este preço). Todo mundo vai querer ter. Uma família de quatro pessoas vai querer ter um pra cada. A China, a Índia e a Rússia juntos tem mais de 3 bilhões de pessoas, que devido ao fortalecimento de suas economias, estão alcançando poder aquisitivo suficiente pra adquirir bens desta natureza.
Agora calcula aí o quanto que este Kinder-ovo motorizado pode vender nestes países, e também no Brasil. Centenas de milhares de novos carros nas ruas, engarrafando, consumindo petróleo e soltando fumaça, fazendo barulho. Aí já era vias de transporte, já era petróleo - e todas as consequências disto, que inclusive já temos vivido -, e já era atmosfera, meio-ambiente, coisa e tal.
Pode ser alarmismo e pessimismo, mas apesar de simpatizar com o carrinho e considerar inclusive que poderia ter um, o vejo mais como mais um problema do que uma solução.
Uma análise do carro mais barato do mundo, que vai revolucionar o modo como os automóveis são concebidos, por Robert Cumberford – The New York Times Syndicate.

Aqui está o carro de US$ 2.500 que Ratan Tata propôs alguns anos atrás, talvez o automóvel novo mais significativo desde que o Ford Modelo T foi lançado, 100 anos atrás. Como no caso do Ford, o projeto e a engenharia são menos importantes do que a filosofia por trás da concepção do modelo. Embora o formato inteligente da carroceria tenha sido criado por Justin Norek, em Turim (Itália), o Nano foi projetado e executado na Índia por uma equipe altamente motivada — ainda que pouco equipada — para realizar uma façanha que nenhum fabricante de longa data conseguiu.
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Pessoalmente, o carrinho ovo é encantador. Sua austera cabine é espaçosa e agradável, enquanto os pneus 165/55 R13 parecem mais estepes provisórios, daqueles finos. A visibilidade é excelente, e a posição elevada do assento é boa para se integrar ao tráfego contemporâneo. O Nano realmente parece substancial apesar de seu tamanho, e passa impressão de segurança e solidez.
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Os norte-americanos aceitariam o Nano? Eu duvido, mas os fabricantes tradicionais terão que trabalhar seriamente para planejar carros igualmente baratos, adaptados apropriadamente às nossas condições de condução no mundo real. Ou seja, uma velocidade máxima de pelo menos 135 km/h e aceleração de 0 a 100 km/h na casa dos 18 segundos. A idéia encontrará resistência, mas as montadoras devem começar a trabalhar nela agora."
[FONTE]
A primeira coisa que pensei quando vi este carrinho foi que era uma esperança pro caos que se tornou o trânsito nas grandes cidades, inclusive aqui no país. Motor econômico, menos espaço ocupado em estacionamentos, coisa e tal. Mas este pensamento não durou mais que cinco minutos, quando comecei a considerar as outras implicações dele.
O carro há décadas se tornou o símbolo de prosperidade de uma pessoa. Quando o jovem chega a maioridade, quer um carro. Alguém que arruma um emprego e consegue juntar uma grana, quer logo comprar um carro. É este um dos motivos para a frota crescer de maneira incontrolável. A produção industrial em alta, e as facilidades de pagamento só incentivam mais esta tradição. Aí que bateu o susto.
Imaginem aí: um carrinho que custa menos de 5 mil reais (é claro que os impostos devem elevar um pouco mais este preço). Todo mundo vai querer ter. Uma família de quatro pessoas vai querer ter um pra cada. A China, a Índia e a Rússia juntos tem mais de 3 bilhões de pessoas, que devido ao fortalecimento de suas economias, estão alcançando poder aquisitivo suficiente pra adquirir bens desta natureza.
Agora calcula aí o quanto que este Kinder-ovo motorizado pode vender nestes países, e também no Brasil. Centenas de milhares de novos carros nas ruas, engarrafando, consumindo petróleo e soltando fumaça, fazendo barulho. Aí já era vias de transporte, já era petróleo - e todas as consequências disto, que inclusive já temos vivido -, e já era atmosfera, meio-ambiente, coisa e tal.
Pode ser alarmismo e pessimismo, mas apesar de simpatizar com o carrinho e considerar inclusive que poderia ter um, o vejo mais como mais um problema do que uma solução.
Categoria(s): Notícias
1 comentário(s):
- At 28 de junho de 2008 às 13:15 Shirley de Queiroz said...
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Mas acho que não tem jeito. Com Kinder-ovo ou não, o trânsito já é um caos praticamente sem solução. O que a gente não pode esquecer é que carro também significa status, e um carro de 5 mil não é tão glamouroso assim, né? As pessoas terão, mas por necessidade e não pelo "poder" que um carro representa....