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Gilbert Grape, Aprendiz de Sonhador


Em todo lugar existe aquela cidade que nada de interessante acontece, todos os moradores se conhecem e a vida parece estar estagnada no tempo.

No interior do Estados Unidos existe a cidade Edora, que se encaixa na descrição feita acima. O lugar é o cenário para o sentimental filme Gilbert Grape – Aprendiz de Sonhador (What's Eating Gilbert Grape, 1993).Lá vive o Gilbert do título, que vive para cuidar do seu irmão Arnie que tem deficiência mental. A tarefa é estressante, ainda mais que Gilbert está na idade de se dedicar mais ao emprego (caixa e faz-tudo num mercado) e à sua vida pessoal.

A única coisa que acontece em Endora é assistir Arnie tentar escalar a caixa d´água e comentar sobre a mãe de Gilbert, uma ex-miss que se trancou em casa após o suicídio do marido. Ela engordou tanto, que se vê presa dentro de casa. Mas o aprendiz de sonhador pode ter sua vida mudada com a chegada de Becky, uma jovem meiga que pode ensiná-lo a viver.

O filme é um trabalho extremamente sensível do diretor Lasse Hallström, o mesmo dos igualmente sensíveis Regras da Vida (The Cider House Rules, 1999) e Chocolate (2001). Ele conta com os talentos de Johnny Depp que vive Gilbert Grape, Juliet Lewis interpreta Becky e Leonardo Dicaprio – este recebeu a indicação ao Oscar e ao Globo de Ouro de melhor ator coadjuvante pela inspirada interpretação de Arnie.

A emoção contida é um tema constante que ronda a história. Todos os personagens carregam dentro de si sentimentos reclusos que parecem a qualquer momento vão estourar. A mãe obesa que tem consciência na aberração que se transformou, a irmã protetora que gosta de cuidar do lar mas não faz papel de ´mãe´, a outra irmã descobrindo a vaidade que não quer saber de responsabilidades, um irmão com problemas cerebrais que vê o mundo de uma forma diferente mesmo custando a paciência das pessoas que o rodeiam e o irmão vivendo isso tudo sem se questionar a razão de tanto peso em seus ombros.

Sem os efeitos especiais mirabolantes, sem um enredo truncado com várias reviravoltas e sem a estética visual modernosa, Hallström faz de Gilbert Grape – Aprendiz de Sonhador um filme honesto, simples e tocante. Apenas a vontade de contar uma história com a alma e não com as cifras.

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