Ronaldo, colega do blog BlogBovas, andou escrevendo uns textos sobre cinema, estão bem resumidos e interessantes. E o Azidéias coloca aqui em primeira mão cada capitulo dessas divagações, pensamentos e informações bacanas.

Manda bala, meu velho.

Segue uma breve lista de cineastas e escolas cinematográficas acompanhadas de também breves digressões a respeito. Apesar de enfatizar a cronologia, em alguns casos é importante ter em conta as relações atemporais de estética.

CAPÍTULO I

Parte 1

Bom, para começar, os um dos dois pilares da linguagem cinematográfica:

D. W. Griffith

Este norte-americano praticamente inventou a narrativa clássica, mostrando-nos como contar uma história linearmente, com concisão e sabendo conduzi-la a um clímax. Também foi um dos primeiros a utilizar um leque maior de enquadramentos - até então (e até um tempo depois) predominaram os chamados planos gerais (que enfatizam os cenários) e os planos médios (que pega uma parte limitada do cenário e enquadra os personagens de corpo inteiro); Griffith já faz uso - ainda que pouco - de closes (rostos), planos fechados (objetos em detalhe) e o famoso plano americano (pessoas do joelho pra cima, o que destaca sua ação ou um diálogo, não ficando distante como um plano médio nem invadindo tanto quando um close).

É claro, em função do contexto históirico que os filmes desse pioneiro são hoje completamente datados. Ver um filme dele é como uma "arqueologia" mesmo, vale pelo estudo, não por uma diversão normal. O mais fácil de encontrar, e um dos mais representativos, é O Nascimento de Uma Nação (The Birth of a Nation, 1915).

A história se passa após a Guerra Civil Americana, quando começou a ser forjado o país Estados Unidos como o conhecemos, quando o oeste foi sendo conquistado, o norte uniu-se ao sul e os negros foram libertados. Por falar nesse último aspecto, uma coisa que pode incomodar é o racismo patente da trama.

No filme, os negros são os vilões que, libertados por Lincoln, fazem provocam instabilidade no status quo, enquanto os heróis são os membros da Ku Klux Klan. Mas não é isso que se deve olhar, hoje, ao se estudar os filmes de Griffith; trata-se de um aspecto contextual e pessoal; o importante é a contribuição formal que ele deu à linguagem cinematográfica - e vale destacar que ele mesmo se arrependeu depois e fez uma espécie de retratação de sua intransigência por meio de um outro filme, posterior, Intolerância (Intolerance, 1916), cujo título já sugere uma crítica à falta de valorização do entendimento humano frente às diferenças.

Voltando ao Nascimento de Uma Nação, neste filme podemos perceber a típica narrativa linear, na estrutura início-desenvolvimento-clímax. No início, ele apresenta os personagens principais da trama e ao final podemos ver bem estruturada a chamada montagem paralela, que se trada de duas ações simultâneas, em que uma depende da outra e ao serem narradas simultaneamente, numa montagem alternada, que aumenta a tensão que precede o clímax.

Para desenvolver tal narrativa, podemos observar o uso das elipses - depois levadas ao extremo da maestria por John Ford - ver Rastros de Ódio (The Searchers, 1956) e O Homem que Matou o Facínora (The Man Who Shot Liberty Valance, 1962), por exemplo.

A elipse nada mais é que a supressão do que não interessa ao drama narrado, na prática pode dar-se de duas formas (esse assunto é muito bem explicado em A Linguagem Cinematográfica, de Marcel Martin ): 1. elipse estrutural, o corte de uma cena para outra; ou 2. elipse de conteúdo, o enquadramento optando por uma parte da ação, omitindo outra. A primeira, como se pode ver, é o que faz a história andar, enquanto a segunda pode servir por questões de pudor (não mostrar uma violência explicitamente) ou, de outro lado, para, não entregando tudo de bandeja, reforçar a tensão, o efeito dramático de uma ação pela sugestão do que não é mostrado.

Na próxima parte, continuaremos este capítulo falando sobre Sergei Eisenstein.

Abraços!

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