Água Negra
(Dark Water, 05)

Geralmente os filmes de terror pregam peças em quem assiste. Por falta de um roteiro melhor, os sustos ficam por conta de algum monstro que aparece de repente ou a trilha que cresce de um segundo pro outro.
Este Água Negra é o mais curioso filme de terror que eu já vi. Exatamente porque o terror empregado nele nunca é demonstrado explicitamente. Me lembrei de Tubarão, cujo peixe-título só aparece no terço final do filme e isso fez com que as praias ficassem vazias no verão de 1975.
Durante todo este "terror", uma refilmagem de um original japonês (nos últimos anos a moda de Hollywood é refilmar todo o acervo de terror japonês e deles próprios, mesmo prejudicando em vários casos a obra, já que os estadunidenses não gostam de ler legenda), todos os eventos inicialmente julgados como sobrenaturais encontram rapidamente explicações perfeitamente corriqueiras e racionais, e somados à fragilidade emocional da protagonista, a linda-maravilhosa-super-perfeita Jennifer Connelly, ficam ainda menos estranhos.
A fotografia ganha ponto em deixar tudo sujo ou mal acabado. Mas não abandonado. O que daria a impressão de que os elementos sobrenaturais são apenas mais uma peça no cenário.
No final das contas, o filme se torna um complexo drama familiar, com uma mulher que passou por problemas familiares na infância, se encontra numa difícil separação, financeiramente desprovida, e contando como único alívio o carinho de sua pequena filha.
Mas ainda é um filme de terror. Claustrofóbico pra caramba, se passa o tempo inteiro com chuva (o que me deixou muito agoniado), e tem um desfecho até um pouco barra-pesada, apesar de muito repentino.
Tá longe de ser o melhor trabalho de Walter Salles (o meu preferido ainda é Abril Despedaçado), mas também não ruim. Pelo contrário, foi uma experiência interessante. Um filme deprimente, mas bom.
Karvalhovsky/Tijolo
Categoria(s): Cinefilia





