Leia a parte 1 do capítulo I AQUI e a parte 2 do capítulo I, AQUI. O post anterior, Interlúdio você rever clicando AQUI. O capitulo II é só clicar AQUI.

CAPÍTULO III

A hora e a vez do lado negro da mente humana

A escola estética conhecida como Expressinismo Alemão é um caso bastante peculiar na história do cinema. Essa escola tem sua concretização na Alemanha do entre-guerras, momento de crise da econômica e social neste país.

Priorizava o mundo interior dos personagens, os cenários apenas refletindo visualmente o estado d'alma dos indivíduos que conduziam a trama. Neste ponto se identifica com o romantismo, mas esse artifício serve a objetivos diferentes em cada uma destas duas escolas estéticas.

Os sentimentos e emoções abordados, via de regra, no expressionismo, assim como na sua vertente pictórica, são os mais sombrios, "negros", melancólicos; são também as idéias ou desejos inconfessáveis, guardados nos recônditos da mente.

Temos nessa escola uma grande alegoria formada por seus filmes da condição de desesperança e frustração do povo alemão frente à derrota e às subseqüentes humilhações impostas após o fim da Primeira Guerra Mundial. No expressionismo alemão temos monstros demoníacos - Nosferatu (1922), de F. W. Murnau, assassinos doentios - M, o Vampiro de Dusselforf (M, 1931), de Friz Lang, visões pessimistas e mecanicistas sobre o futuro - Metropolis (1927), também de Friz Lang, ou a ridícula decadência social de um homem de posição social - O Anjo Azul (Der Blaue Angel, 1930), de Josef von Sternberg. Indico, claro, qualquer um desses filmes citados (ou todos) ou outros desses cineastas. Outro filme imperdível dessa escola é O Último Homem ou A Última Gargalhada (Der Letzte Mann, 1924), também de Murnau. Este e Aurora (Sunrise - A Song for Two Humans, 1931), também de Murnau - já nos EUA -, são filmes máximos da cinematografia muda; mostram o que é verdadeiramente "cinema", expressão de imagens em movimentos, uma vez que não fazem uso dos letreiros explicativos ou de diálogos, tão comuns neste tipo de cinema.

Continuando sobre o expressionistmo, f oi dessa escola que veio aquele estilo de fotografia com forte contraste entre claro e escurto, utilizada desde Orson Welles até (principalmente) nos filmes noir - aqueles policiais de mistério, narrados pelos protagonistas. As atuações dos atores eram bastante teatrais, exageradas, pode-se dizer, como que para reforçar o clima de podridão da alma.

Neste ponto, após Eisenstein e o expressionismo alemão, podemos entender como o cinema americano se sofisticou. A influência de ambos pode ser vista, por exemplo, em Hitchcock, um dos realizadores que mais as assimilou tais contribuições. Os Pássaros, Intriga Internacional, Pavor nos Bastidores, Assassinato e Um Corpo que Cai são, por motivos diferentes, bem ilustrativos dessa influência. N'Os Pássaros, temos aquela sequência das crianças correndo; em Intriga Internacional, também há influência de Eisenstein na composição de alguns enquadramentos (como quando é filmada a rua do alto de um prédio ou na seqüência final no monte Rushmore); em Pavor nos Bastidores, há influência forte do expressionismo, na fotografia e nas atuações; em Assassinato, temos outro cena (a do desfecho) editada ao estilo eisensteiniano; Em Um Corpo que Cai, temos a exploração da mente humana.

A seguir, um salto para depois da Segunda Guerra Mundial, quando do cinema nasceu ainda mais formas de se abordar o mundo e a realidade e quando o cinema americano foi enriquecido pela migração maciça de artistas europeus.

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